voltar

Completa | ~3600 palavras, 20 minutos de leitura

Finished | ~3600 words, 20 minutes read

Sinopse: O espião francês do time azul tem escondido algo de Haru, seu amigo de longa data e companheiro. Cedo ou tarde a verdade viria a tona, e Spy finalmente tomou coragem para revelar seu segredo em uma tarde sem ataques de robôs do Gray Mann… Só restava esperar que o espião brasileiro recebesse a verdade da melhor forma possível. | The french spy from the BLU team have been hidding something from Haru, his long date friend and lover. Soon or later the secret would be revealed, and spy finally took courage to tell it in an evening without Gray Mann's robot attacks… All that was left was to pray that the brazilian spy would receive it in the least worst possible way.

(eng readers press ctrl + f / search on page and search "English"



Portugês

A tarde havia sido tranquila em Teufort. Situação que se tornava cada vez mais rara para os mercenários, a cada dia de guerra contra os robôs do Grayman se passava. Sem nenhuma onda de ataque, os trabalhadores decidiram descansar em mais uma calmaria antes da tempestade.

Spy estava do lado de fora da base, sentado e apoiando suas costas na parede da mesma. O clima quente e seco havia o forçado a tirar o casaco de seu paletó azul e afrouxar sua gravata. Observava o céu que começava a alaranjar, e o pequeno jogo de futebol que outros estavam disputando; Medic e Demoman do time vermelho contra Pyro e Scout do time azul. O jogo ainda estava zero a zero.

Perto do espião, a porta da base se abriu, e dela saiu o seu velho amigo de longa data:

— E então? — Spy tirou um isqueiro do bolso da calça.

— Nada no radar, Engineer checou… Parece que não vão vir hoje… — Confirmou Haru, com cansaço na voz.

— Te falei. É mais prudente usar esse tempo pra descansar, antes deles virem com outro truque novo. — O espião de balaclava deslizou para o lado levemente, e então tateou dentro do outro bolso da calça à procura de algo. — Uh… Tem um ciga… — e antes que terminasse a pergunta, Haru já estava segurando um cigarro na mão, tirado de sua própria caixinha, e se sentou ao lado do amigo após o mesmo pegar o cigarro com suas próprias mãos.

Enquanto Spy acendia e dava o primeiro trago, o espião nipo-brasileiro repousou a cabeça no ombro do colega e soltou um looongo suspiro.

— Tempos melhores ainda estão por vir. — Spy tentou consolar o amigo, após assoprar a fumaça da tragada.

— … Eu queria voltar pra aquela noite no fumoir, mais uma vez.

O espião francês sabia com precisão a qual noite ele se referia. Após quebrarem um recorde de backstabs de forma impecável, e uma vitória arrasadora do time azul, os dois comemoraram junto com o resto da equipe, e então decidiram continuar com a pequena festa a sós, dentro do fumoir do spy, junto com uma garrafa de vinho. Haru e Spy passaram a noite rindo e relembrando dos momentos de glória e de desespero que tiveram quando trabalhavam juntos na juventude, das estranhices do trabalho atual, de como o tempo os havia mudado, da última vez que haviam dividido uma garrafa de vinho sozinhos… Houve toda uma construção até que os dois chegassem naquele momento, indo do reencontro de ambos após anos, da reconexão da amizade pelas lembranças e pelo trabalho compartilhado e que agora desabrochava em um beijo e no que vinha depois daquilo.

Ficaram mais próximos do que nunca depois daquele dia, porém o clima de lua de mel não duraria pouco mais que um mês, com o primeiro ataque de grayman contra as bases. Ainda continuaram juntos, mas o tempo que tinham para si diminuiu muito com a fadiga de tentar proteger os empregos – e a si próprios – mês após mês.

Spy tentou responder a fala de seu amante, mas decidiu apenas acariciar os cabelos de Haru com a mão livre, cujo aspecto grisalho ficava mais aparente. O mesmo mergulhou ainda mais em seu ombro…

— IHULLL!!! QUALÉ, ESSE É O MELHOR DE VOCÊS?!! — Do outro lado da rua, Scout comemorava o primeiro gol, com o mesmo entusiasmo de um time ganhando de goleada, enquanto Pyro aplaudia alegremente, celebrando de forma menos extravagante. Com certa raiva, Demoman retirou seu gorro e Medic seu jaleco, sinalizando que agora eles estariam indo pra valer.

— Meu Deus, de onde eles tiram essa energia toda?! — Haru exclamou, ainda repousando em spy, agora dirigindo sua atenção para a partida de futebol que retomava o ritmo.

— É o jeito deles de espairecer, acredito eu. Eu prefiro de outro jeito, também. — Spy disse entre outra tragada em seu cigarro, repousando a mão livre no ombro de Haru, que soltou um leve riso em resposta.

No campo de futebol improvisado com garrafas de scrumpy, um chute de Medic na bola fez com que Scout recebesse uma bolada na cara. Se Medic havia feito aquilo propositadamente é incerto, porém a bola foi ricocheteada da cara do homem de boné para o gol da dupla de azul, o que fez o doutor comemorar como se nada tivesse acontecido, enquanto Demoman rapidamente tirou uma das garrafas do próprio gol para brindar o sucesso com um gole.

Spy observou Scout dar uma pequena pausa para limpar o sangue no nariz. O rápido corredor não parecia abalado, é claro que emitiu altíssimos gritos após o impacto e ficou atordoado, mas no minuto seguinte já estava rindo e ameaçando os rivais em retribuir com o dobro. O espião de balaclava concluiu, uma bola na cara certamente não seria nada comparado a anos de trabalho escoltando nas batalhas, além do que, pelos diversos curativos espalhados pelo corpo e pequenas cicatrizes de feridas no joelho, parecia ter sido uma criança travessa, que cai e se levanta, e então cai de novo, e se levanta mais uma vez. Sozinha.

— E o Makoto? Ele tá por aqui ainda? — O homem francês se lembrou, de repente. A pergunta fez com que o Haru saísse de uma expressão serena para uma postura mais séria. O homem parou de encostar a cabeça no ombro de Spy, repousando um braço sobre um dos joelhos cabeça na mão:

— Sumiu sem avisar, assim que percebeu que hoje não teria ataque… Sei lá pra onde ele foi…

— Hmm… Ele deve ter ido pra casa da Lilian.

— … Assim espero. — Havia uma pontada de irritação na voz do espião.

Non adianta ficar cercando o garoto, ele já tá grande pra ir aonde ele estiver afim… 

— Eu estou protegendo ele. Não dá pra ele continuar seguindo esse caminho.

— Porquê? Você sabe que ele é bom no que faz.

Haru se virou para o colega, e não precisou dizer nada para que o outro entendesse. Seu rosto expressava “Puxa! E eu me pergunto de quem é a culpa.”

Spy não pretendia virar uma espécie de mentor para Makoto, foi algo que foi apenas… acontecendo. Um dia você impede que um garoto de dez anos tentando desativar uma sentry exploda por acidente, e então tem que aguentar ele te seguindo pelo resto do dia enquanto te chama de “mestre”, te entope de perguntas e comentários sobre a influência de Santos Dumont para a história da espionagem. Outro dia você ensina ele a destrancar uma porta… Os anos se passam, e quando você menos espera você está ajudando ele a comprar um terno, e discutindo planos hipotéticos de qual seria a melhor maneira de roubar os itens mais caros de uma joalheria.

— … Você sabe que eu não mandei para ele ir lá-

A gente não vai entrar na discussão da joalheria de novo.

Haru deu um alto suspiro, se acalmando e olhando para cima:

— O Makoto é excelente como espião. Ele analisa e se adapta às situações, mantém a calma mesmo sob pressão e aprende muito rápido, às vezes só por observação… — O homem nipo-brasileiro repousou a cabeça na parede antes de continuar, agora olhando para frente. — Ele teria aprendido tudo, mesmo sem você ajudando… Eu nunca vou me perdoar se alguma coisa acontecer com o meu filho.

Desde o incidente, Spy se limitou com a mentoria de espionagem, dava apenas umas dicas de maneira sucinta ocasionalmente. Mesmo irritado com a escolha do homem francês, o garoto ainda decidia passar o tempo com ele, seja para conversar, pedir algum conselho pessoal ou desabafar. Spy se lembrou do que Makoto disse uma vez, “...Meu pai não confia em mim, sabe? Ele acha que eu sou um idiota.” O espião de balaclava não tinha nenhuma experiência nem tato para assuntos desse nível, não conseguiu dar uma resposta clara para o garoto naquele dia e nem conseguiria hoje para Haru;

— …Não se culpe tanto.

O homem brasileiro deslizou a cabeça para o ombro de seu amante novamente, dessa vez expressando preocupação no rosto.

Mais gritos de comemoração do outro lado da rua, parecia que Scout havia feito outro gol, e Spy parou para observá-lo mais uma vez, o homem de boné agora se exibia com embaixadinhas enquanto ria. O espião francês sabia que ele se dava bem com qualquer tipo de esporte, principalmente o baseball. Não por causa dele.

Posicionando o pé por cima da bola novamente, Scout finalmente notou os dois espiões sentados, acenando na direção dos mesmos. Haru levantou-se do ombro do colega levemente, sorrindo e cumprimentando de volta, enquanto Spy permaneceu parado. O garoto sinalizou mais uma pausa no jogo para ir até os dois, o que aborreceu Medic e Demoman, enquanto Pyro aproveitou para sentar no chão e brincar com os dentes de leão que cresciam no campo.

— E aí, o que que ‘ceis tão achando do jogo?

— Se já não fosse um mercenário, daria um ótimo atacante! — Haru elogiou, de modo que fez Scout posar orgulhosamente.

— Seu nariz ainda está grudado na cara, impressionante. — Spy comentou sarcasticamente, e o jovem adulto se virou com irritação:

— ahahah… Então, seu Haru! — Scout voltou-se ao outro espião novamente com animação, — Tá afim de entrar no nosso time? Eu e o pyro tamo detonando eles de goleada!

— Vocês acabaram de desempatar, pelo o que eu vi. — O homem francês comentou novamente, e o jovem adulto ignorou, continuando:

— Pode levar o mala junto, se quiser. — Scout apontou para o Spy, — Mas ‘ceis vão ter que ficar em times separados, pra balancear a partida, sabe?

— Ah, muito obrigado Scout! Infelizmente eu estou todo quebrado hoje… — Haru respondeu enquanto se espreguiçava. — …Então eu vou ficar descansando aqui, junto com o meu malinha! — O espião brasileiro disse, enquanto usava uma das mãos para segurar o rosto de Spy pelas bochechas carinhosamente, cujo apenas emitiu um “mon dieu” abafado.

— Nojo… NÃO DE VOCÊ, SEU HARU!!! É que assim, cê sabe… — E o garoto tapou um lado do rosto com a mão, como se quisesse impedir o espião francês de escutar a próxima frase:

— O bafo de cigarro…

— Haha! Combina com o meu de café! — Haru respondeu com uma risada sincera, Spy só conseguiu murmurar com chateação novamente.

Ai minha nossa… Enfim uhh… Tô indo voltar pro jogo, falou, seu Haru! E Spy, vai te lascar.

— Boa partida!

Idem, seu moleque. — e deu mais uma tragada no cigarro.

E Scout deixou os dois espiões sozinhos novamente, chegando de volta no campo.

— Hahaha, ai ai… adoro aquele garoto! — Haru disse, se aconchegando em seu parceiro novamente.

— …Sério? O crianção?

— Vocês estão sempre implicando um com o outro, claro… Mas se você o conhecesse melhor, veria que ele é um bom rapaz.

— Conhecê-lo melhor?...

— Uhum! O Jeremy tem uma família enorme, mas eram só ele, a mãe e os irmãos mais velhos… Ele já tentou me ensinar a jogar baseball, mas minhas costas estavam velhas demais pra aquilo, Haha!... Eu tinha um priminho que eu cuidava de vez em quando, quando eu era jovem e morava na colônia, me lembra demais ele. O Jeremy não é um dos mais espertos do time, claro… Mas considero ele um dos mais leais, você poderia dar uma chance a ele.

— … Dar uma chance… a ele…

— Ou você pode manter seu orgulho, não quero passar a noite tentando fazer você mudar de ideia… — Haru fechou os olhos, se aconchegando ainda mais — … Hoje eu só quero descansar…

O espião nipo-brasileiro não percebeu que seu amante estava sendo bem mais pensativo do que cínico em suas últimas frases. “Caralho!”, Spy pensou com ele mesmo, “Agora que tudo tá perfeito…”

Perfeito seria um exagero, claro, afinal estavam travando guerras diárias contra robôs para manterem seus empregos, mas ambos haviam finalmente se reencontrado. Tinham os mesmos objetivos, estavam na mesma página… Porra, pra que roer esse osso agora? Se continuasse quieto, nada iria mudar, e sua vida continuaria junta a do Haru. Além do mais, que diferença faria trazer isso à tona agora? Não é como se um marmanjo de 20 e poucos anos de idade fosse agora precisar de um pai. Ele havia tomado sua decisão naquela época, e não havia como desfazer aquilo.

… Mas o tempo que passara junto com o Makoto o fez pensar, e se ele pudesse desfazer aquilo? Cada pequeno momento que tinha com ele era um vislumbre de como as coisas poderiam ter sido. Não era tão assustador quanto o seu eu arrogante e covarde do passado pensou que pudesse ser, e sinceramente? A sensação de ver alguém seguindo seus passos era boa. Muito boa.

Spy guardava esse segredo já havia um bom tempo, e já não era o único. Poderia disfarçar sua situação em relação ao Scout com quantas camadas de sarcasmo quisesse, cedo ou tarde aquilo seria revelado para Haru, e seria pior se fosse por outra pessoa. Seria ainda pior se fosse por ele próprio, em um ato falho durante uma discussão acalorada. Foi daquele jeito que aconteceu da última vez.

Por mais que o coração do espião francês doesse, ele sabia o que precisava ser feito. Teria de ser ali e agora, antes que a coragem saísse do corpo novamente. Só restava rezar para que ele recebesse da forma menos pior possível.

Spy terminou de fumar o seu cigarro, jogando a bituca no chão e apagando com o sapato. Com cuidado, levantou a cabeça de seu amigo, que abriu os olhos novamente, e ficou de pé. Ficou em paralelo com a rua, mostrando seu perfil lateral para o colega, não conseguia olhar nem para os olhos de Haru, nem para Jeremy do outro lado da rua, então apenas encarava o caminho da estrada para a cidade. O pôr do sol já havia atingido o seu ponto máximo, colorindo tudo em tons alaranjados.

— Haru… 

— O que foi?... Aconteceu alguma coisa?

— … Você ainda se lembra de quando a gente terminou, não lembra?

— Ah, então é isso. — Haru suspirou, se aliviando da dúvida. — Olha, Spy… Na raiva, nós dissemos coisas um para o outro que não eram verdade. Tanto que a gente continuou amigos, depois que colocamos as cabeças nos nossos lugares… Eu ainda discordo da sua decisão, mas não posso viver a sua vida… Não guardo nenhum rancor daquela noite, se é isso que te preocupa. Águas passadas. — Um olhar gentil.

— …Haru… — Spy, o mestre dos discursos e monólogos, estava em silêncio. Apenas conseguiu transcrever seus sentimentos em uma única frase:

— … Olhe para os olhos do garoto. E então olhe para os meus.

— Como assim?

A frase pareceu muito fora de contexto para ele, até que Haru realmente parou para olhar. Os olhos de seu amado, e os olhos do batedor de Boston, ambos refletiam verde. Aquilo virou uma chave em sua cabeça. O cabelo de Scout é castanho claro, e em uma foto que ele mesmo mostrou, sua mãe tinha cabelos negros. Os cabelos de Spy eram loiros

Essas observações passaram completamente batidas para Haru, o rosto do espião agora passava a maior parte do tempo coberto e Jeremy era uma cópia quase exata de sua mãe… As semelhanças não paravam apenas na aparência, se Scout segurava uma risada por tempo demais, começava a soltar alguns daqueles “barulhinhos de porco”, extremamente característicos na risada de Spy. Ambos, de maneiras diferentes, amavam falar em público. As mesmas expressões faciais que faziam, os mesmos maneirismos em sentar, esbarrar em algo ou em segurar talheres…

— … Você não está dizendo para mim o que eu acho que você está dizendo para mim… Está?

Spy permaneceu em silêncio.

— Você… e o… — Haru apontou para o outro lado da rua, ainda incrédulo.

Spy fechou os olhos.

Haru se levantou do chão, chegando mais perto de seu amigo, em uma mistura de confusão e choque:

— Quanto tempo faz desde que você descobriu?

Ainda de olhos fechados, Spy abaixou a cabeça. O choque e a confusão foram somados ao desapontamento.

— Alguém mais sabe disso?... Ele sabe disso?

— …Eu queria poder dizer não… — Ele abriu os olhos, olhando para o chão. — O doutor do nosso time descobriu por acidente, fazendo sei lá o que com as nossas amostras de sangue. A Miss Pauling acabou sabendo por tabela, ele pediu para ela entregar os exames para mim. Das pouquíssimas vezes que conversei sobre isso com o doutor, acredito que o Heavy do nosso time também tenha escutado, porque ele já me deu algumas indiretas sobre. Ou talvez Medic tenha apenas fofocado para ele… Pode ser que informação tenha sido passada para mais gente, mas esse são os nomes que eu tenho certeza.

Spy finalmente olhou nos olhos de Haru:

Mas o moleque não faz ideia.

Haru não sabia o que fazer, toda essa revelação era como uma bigorna caindo na própria cabeça. Ele passava as mãos pelos cabelos, e então esfregava os olhos, massageava as têmporas, tudo isso enquanto andava em círculos.

Petit hibou, pardonne-moi, Eu-

— Não ouse me chamar de petit hibou agora.

— Eu sei que isso é horrível, mas-

— Sim! Você tem razão! Isso é horrível. Pra caralho.

— Por favor, Haru! O que aconteceu com as águas passadas?!

Haru parou e encarou Spy, a raiva começou a surgir.

Águas passadas não vão se aplicar aqui. Não nessa situação.

— Porquê não? Quando parecia ser alguém que você não conhecia e que vivia a milhares de quilômetros, não havia nenhum problema para você?

— HAVIA, PORRA, MAS EU ESTAVA DISPOSTO A TE PERDOAR!... Não é sobre isso… Olha onde a gente vive. QUANTAS VEZES VOCÊ VIU ELE LUTAR AQUI?! QUANTAS VEZES VOCÊ VIU SEU FILHO MORRER AQUI?!! E você não fez NADA. Anos de serviço… c-COMO VOCÊ CONSEGUE OLHAR NOS OLHOS DELE?!!

— … Haru… Por favor.

— NÃO. Não… Eu preciso de um tempo pra digerir isso… Eu preciso ficar sozinho.

— Haru! — Spy segurou a mão do seu amado antes que o mesmo entrasse de volta ao prédio — …Pra ignorar a culpa, tentei manter ele o mais longe de mim… Mas eu sentia. Toda vez que ele morria eu sentia.

— … Eu preciso de um tempo, tudo bem? — e se soltou da mão, deixando Spy e o céu noturno do lado de fora.

Haru estava encostado na parede do corredor. Havia acabado de lavar o rosto na pia do banheiro, seu único objetivo em mente era apenas manter a calma e deixar essa revelação entrar na cabeça. Infelizmente, ele já teria que lidar com a esse assunto novamente:

— Heyy, qual é a boa seu Haru?! — Scout cumprimentou do outro lado do corredor, andando até o espião e segurando seu punho cerrado no ar. O choque fez com que Haru demorasse alguns segundos para responder, iria apostar na sorte e na experiência com atuação dentro de seu trabalho para continuar a conversa, mas ainda sim estava visivelmente ansioso.

— … Oh, boa noite Scout! — ele respondeu o soquinho — Só verificando minhas coisas antes de ir!

— Tudo certo memo? Cê parece meio cansado… Não esqueceu do café, né?

— Ah, não. Se eu não tivesse bebido café hoje, estaria tentando subir as escadas até agora, Haha! É só fadiga mesmo, dos robôs e tudo mais. Obrigado pela preocupação!

— Pois é, tá sendo osso mesmo… Sorte que a gente tem caras como você no time… E como eu! — parado na entrada de frente pro banheiro, Scout começou a posar para um espelho que se encontrava lá.

— Imagina, Haha! É um trabalho de equipe… E o jogo, como foi?

— Meh, não deu em nada. Demo bebeu as garrafas de marcação além da conta e dormiu no campo, Pyro começou a queimar os matinhos do chão com um isqueiro e o Medic disse que ia fazer algum bagulho com a sobrinha. Mas mais um pênalti e eu virava aquela bagaça de vez!

— E eu acredito! Haha! — Pensando que a conversa seria finalizada, o homem tentou se virar para seguir seu caminho, até que o batedor de Boston continuou:

— E eu queria conversar sobre outra coisa, também… Você e o Spy começaram a gritar durante o jogo, não foi?

Haru permanecia a sua pose, mas o seu corpo havia gelado com a frase.

— Não deu pra escutar muita coisa, ceis tavam mó longe e eu tava concentradão no jogo, sabe? E aí você veio pra cá, e o Spy saiu no carro dele… Triste? Nunca vi aquele cara assim… Então… ceis terminaram ou algo do tipo? NÃO PRECISA RESPONDER SE, sei lá…

Ele ainda não sabia, o que deixou Haru mais calmo, mas ainda sim preocupado.

— Ah, não… É… é só uma briguinha boba de casal, eu vim aqui me acalmar e… daqui a pouco nos resolvemos.

— Hmm, beleza... Qualquer coisa é só dar um pé na bunda dele! Haha!... Ah sim, eu vim aqui usar o banheiro também, o de lá de fora é um nojo!... Falou!

E hesitou antes de entrar completamente, voltando para terminar de falar:

— Só mais uma última, última coisa! Uh… Valeu pelo elogio mais cedo… E por me mostrar como pescar um peixe outro dia… E por aquele truque de nó com a gravata! Cê não tem noção de quantas gatinhas acham aquilo elegante!!!... Uh… — Scout se envergonhou ao finalizar sua frase. — Olha, eu nunca tive um… Um pai quando eu era menorzinho, cê sabe disso. E nada de mais! Eu me saí bem, muito muito bem! — Ele flexionou um dos seus braços para si próprio, antes de continuar — Mas assim… Uh… Se eu tivesse um naquela época, o que de novo, nada de mais! Não fez diferença nenhuma pra mim… Mas se eu tivesse um… Eu teria ficado muito feliz se tivesse sido você.

Haru estava sem palavras.

— Puxa… Eu… Eu… Eu fico muito grato que você se sinta assim. — Um sorriso, um dos mais gentis.

Scout sorriu de volta, antes de definitivamente entrar dentro do banheiro.

Sozinho novamente, o sorriso de Haru se desmanchou em aflição, se dirigindo para fora do corredor. Que semana… e era apenas uma terça feira.




English

The afternoon had been peaceful in Teufort. A situation that became increasingly rare for mercenaries, with each passing day of war against Grayman's robots. With no wave of attack, the workers decided to rest in one more calm before the storm.

Spy was outside the base, sitting and leaning his back against the wall. The hot, dry weather had forced him to take off his blue suit jacket and loosen his tie. He observed the sky that was beginning to turn orange, and the little soccer game that others were playing; Medic and Demoman from the red team against Pyro and Scout from the blue team. The game was still zero to zero.

Near the worker, the base door opened, and his old, long-time friend came out:

— So? — Spy took a lighter from his pants pocket.

— Nothing on the radar, Engineer checked... It looks like they won't come today... — Haru confirmed, with tiredness in his voice.

— I told you. It's more prudent to use this time to rest, before they come up with another new trick. — The balaclava-wearing man slid to the side slightly, and then searched inside the other pants pocket for something. — Uh... Do you have a cig... — and before he finished the question, Haru was already holding a cigarette in his hand, taken from his own box, and sat down next to his friend after he took the cigarette with his own hands.

While Spy lit up and took the first drag, the Japanese-Brazilian worker rested his head on his colleague's shoulder and let out a loooong sigh.

— Better times are yet to come. — Spy tried to console his friend, after blowing out the smoke from his puff.

— … I wanted to go back to that night in the smoking room, one more time.

The French man knew precisely which night he was referring to. After breaking a record for backstabs in an impeccable way, and a devastating victory for the blue team, the two celebrated together with the rest of the team, and then decided to continue with the small party alone, inside the spy's smoking room, along with a bottle of wine. Haru and Spy spent the night laughing and remembering the moments of glory and despair they had when they worked together in their youth, the strangeness of their current job, how time had changed them, the last time they shared a bottle of wine alone... There was a whole construction until the two arrived at that moment, going from the reunion of both after years, from the reconnection of friendship through memories and shared work, which now blossomed into a kiss and in the aftermath.

They became closer than ever after that day, but the honeymoon atmosphere would last little more than a month, with Grayman's first attack against the bases. They still stayed together, but the time they had for themselves was greatly diminished by the fatigue of trying to protect their jobs – and themselves – month after month.

Spy tried to respond to his lover's speech, but decided to just stroke Haru's hair with his free hand, whose gray aspect was more apparent. Haru dove even deeper into his shoulder…

— YOOOO!!! WHAT, IS THIS THE BEST OF YOU?!! — Across the street, Scout was celebrating the first goal, with the same enthusiasm as a team winning by a landslide, while Pyro applauded happily, celebrating in a less extravagant way. With some anger, Demoman removed his cap and Medic his coat, signaling that they would now be going for real.

— My God, where do they get all that energy from?! — Haru exclaimed, still resting in Spy, now directing his attention to the football match that was going back with its rhythm.

— It's their way of repose, I believe. I prefer it the other way, too. — Spy said between another drag of his cigarette, resting his free hand on Haru's shoulder, who let out a light laugh in response.

On the improvised soccer field with bottles of scrumpy, a Medic kick at the ball caused Scout to receive a hit in the face. Whether Medic had done that on purpose is uncertain, but the ball ricocheted off the Boston batter's face and into the blue duo's goal, which made the doctor celebrate as if nothing had happened, while Demoman quickly took one of the bottles from the goal itself. to toast success with a sip.

Spy watched as Scout took a short break to wipe the blood from her nose. The fast runner didn't seem shaken, of course he emitted loud screams after the impact and was stunned, but in the next minute he was laughing and threatening his rivals to pay back twice as much. The balaclava-wearing spy concluded, a ball in the face would certainly be nothing compared to years of work escorting in battles, besides, from the various bandages spread across the body and small scars from wounds on the knee, it appeared to have been a mischievous child, who fell and rises, and then falls again, and rises once more. Alone.

— And Makoto? Is he still here? — The French man suddenly remembered. The question made Haru go from a serene expression to a more serious posture. The man stopped leaning his head on Spy's shoulder, resting an arm on one of his knees, head in his hand:

— He disappeared without warning, as soon as he realized there wouldn't be an attack today... No idea where he went...

— Hmm... He must have gone to Lilian's house.

— … I hope so. — There was a hint of irritation in the brazilian spy's voice.

— There's no point in surrounding the boy, he's already big enough to go wherever he wants to go...

— I am protecting him. He can't continue following this path.

— Why? You know he's good at what he does.

Haru turned to his colleague, and didn't need to say anything for the other to understand. His face expressed “Wow! And I wonder about who It’s the fault of.”

Spy didn't intend to become some kind of mentor to Makoto, it just... happened. One day you stop a ten-year-old boy trying to deactivate a sentry from exploding by accident, and then you have to put up with him following you for the rest of the day while calling you “master”, peppering you with questions and comments about the influence of Santos Dumont to the history of espionage. Another day you teach him how to unlock a door... Years pass, and when you least expect it you are helping him buy a suit, and discussing hypothetical plans of what would be the best way to steal the most expensive items from a jewelry store.

—...You know I didn't tell him to go there-

We are not going to discuss the jewelry thing again..

Haru gave a loud sigh, calming down and looking up:

— Makoto is excellent as a spy. He analyzes and adapts to situations, stays calm even under pressure and learns very quickly, sometimes just by observation... — The Japanese-Brazilian man rested his head on the wall before continuing, now looking straight ahead. — He would have learned everything, even without you helping... I will never forgive myself if something happens to my son.

Since the incident, Spy has limited himself from the espionage mentoring, only giving succinct tips occasionally. Even irritated by the French man's choice, the boy still decided to spend time with him, whether to talk, ask for personal advice or vent. Spy remembered what Makoto once said, “...My father doesn't trust me, you know? He thinks I'm an idiot.” The balaclava-wearing man had no experience or tact for matters of this level, he was unable to give the boy a clear answer that day and he wouldn't be able to give Haru a clear answer today;

— …Don’t blame yourself so much.

The Brazilian man slid his head to his lover's shoulder again, this time worry on his face.

More shouts of celebration from across the street, it seemed that Scout had scored another goal, and Spy stopped to watch him once again, the man in the cap now showing off with little embassies while laughing. The French spy knew that he could do well with any type of sport, especially baseball. Not because of him.

Positioning his foot over the ball again, Scout finally noticed the two spies sat, waving in their direction. Haru stood up from his colleague's shoulder lightly, smiling and greeting back, while Spy remained still. The boy signaled another pause in the game to go to the two, which upset Medic and Demoman, while Pyro took the opportunity to sit on the ground and play with the dandelions that grew on the field.

— Sup, what do you think of the game?

— If he weren't already a mercenary, he'd make a great attacker! — Haru praised, making Scout pose proudly.

— Your nose is still stuck to your face, impressive. — Spy commented sarcastically, and the young adult turned away with irritation:

— Ahahah… So, Haru! — Scout turned to the other man, with excitement. — Do you want to join our team? Me and Pyro are freaking blasting them!

— You just broke the tie, from what I saw. — The French man commented again, and the young adult ignored it, continuing:

— Ya can take the moron with you, if you want. — Scout pointed to the Spy, — But you’ll have to be on separate teams, to balance the match, ya know?

— Oh, thank you very much Scout! Unfortunately I'm all broke today... — Haru replied while stretching. — …Then I'll rest here, along with my little moron! — The Brazilian spy said, while using one of his hands to hold Spy's face by the cheeks affectionately, who just emitted a muffled “mon dieu”.

— Ew… NOT TO YOU, MISTER HARU!!! It's just that, you know... — And the young man covered one side of his face with his hand, as if he wanted to prevent the French spy from hearing the next sentence:

— Cigarette breath…

—Haha! It matches my coffee one! — Haru replied with a sincere laugh, Spy could only mutter with annoyance again.

Oh my goodness... Anyway uhh… I'm going back to the game, see ya mister Haru! And Spy, screw you.

— Good game!

Idem, you brat. — and took another drag of his cigarette.

And Scout left the two spies alone again, arriving back at the field.

— Hahaha, oh... I love that boy! — Haru said, snuggling into his partner again.

— …Serious? The manchild?

— You're always picking on each other, of course... But if you got to know him better, you'd see that he's a good guy.

— Get to know him better?...

— Uhum! Jeremy has a huge family, but it was just him, his mother and his older brothers... He already tried to teach me how to play baseball, but my back was too old for that, Haha!... I had a little cousin that I took care of every now and then, when I was little and lived in the colony, he reminds me too much of him. Jeremy is not one of the smartest on the team, of course... But I consider him one of the most loyal, you could give him a chance.

—…Give…him a chance…

— Or you can keep your pride, I don't want to spend the night trying to change your mind… — Haru closed his eyes, snuggling even closer — … Today I just want to rest…

The Japanese-Brazilian spy didn't realize that his lover was being much more thoughtful than cynical in his last sentences. “Mierde!”, Spy thought to himself, “Now that everything is perfect…”

Perfect would be an exaggeration, of course, after all they were fighting daily wars against robots to keep their jobs, but both had finally found each other again. They had the same goals, they were on the same page… Damn, why chew this bone now? If he remained quiet, nothing would change, and his life would continue together with Haru's. Besides, what difference would it make to bring this up now? It's not like a 20-something-year-old grown man is going to now need a father. He had made his decision back then, and there was no undoing it.

…But the time he spent together with Makoto made him think, what if he could undo that? Every little moment he had with him was a glimpse of how things could have been. It wasn't as scary as his arrogant, cowardly past self thought it might be, and honestly? The feeling of seeing someone following in your footsteps was good. Very good.

Spy had been keeping this secret for a long time, and he wasn't the only one. He could disguise his situation in relation to Scout with as many layers of sarcasm as he wanted, sooner or later it would be revealed to Haru, and it would be worse if it were through someone else. It would be even worse if it were by himself, in a mistake during a heated argument. That's how it happened between them last time.

As much as the French spy's heart ached, he knew what needed to be done. It would have to be there and now, before the courage left his body again. All that was left was to pray that he would receive it in the least worst possible way.

Spy finished smoking his cigarette, throwing the butt on the floor and putting it out with his shoe. Carefully, he lifted his friend's head, who opened his eyes again, and stood up. He stood parallel to the street, showing his side profile to his colleague, he couldn't look at Haru's eyes, nor at Jeremy on the other side of the street, so he just faced the road towards the city. The sunset had already reached its peak, coloring everything in orange tones.

— Haru…

— What is it?... Did something happen?

— … You still remember when we broke up, don’t you?

— Ah, so that's it. — Haru sighed, relieving himself of doubt. — Look, Spy... In anger, we said things to each other that weren't true. So much so that we remained friends, after we put our heads in place... I still disagree with your decision, but I can't live your life... I don't hold any grudges about that night, if that's what worries you. Water under the bridge. — A gentle look.

…Haru… — Spy, the master of speeches and monologues, was silent. He was only able to transcribe his feelings in a single sentence:

— … Look at the boy’s eyes. And then look at mine.

— What do you mean?

The phrase seemed very out of context to him, until Haru actually stopped to look. The eyes of his beloved, and the eyes of the Boston's batter, both reflected green. That turned a key in his head. Scout's hair is light brown, and in a photo he showed, his mother had black hair. Spy’s hair was blonde.

These observations went completely unnoticed to Haru, the spy's face now spent most of the time covered and Jeremy was an almost exact copy of his mother... The similarities didn't just stop at appearance, if Scout held back a laugh for too long, she began to laugh. let out some of those “pig noises”, extremely characteristic of Spy’s laugh. Both, in different ways, loved public speaking. The same facial expressions they made, the same mannerisms in sitting, bumping into something or holding cutlery...

— …You're not saying to me what I think you're saying to me… Are you?

Spy remained silent.

— You… and the… — Haru pointed to the other side of the street, still in disbelief.

Spy closed his eyes.

Haru got up from the ground, coming closer to his friend, in a mix of confusion and shock:

— How long has it been since you found out?

Still with his eyes closed, Spy lowered his head. The shock and confusion added to the disappointment.

—Does anyone else know about this?... Does he know that?

— …I wish I could say no… — He opened his eyes, looking at the floor. — Our team's doctor discovered it by accident, doing god knows what with our blood samples. Miss Pauling ended up finding out, he asked her to deliver the exams to me. Of the very few times I talked about this with the doctor, I believe that the Heavy on our team also heard it, because he already gave me some hints about it. Or maybe Medic just gossiped to him... It could be that information was passed on to more people, but these are the names that I know for sure.

Spy finally looked into Haru's eyes:

But the brat has no idea.

Haru didn't know what to do, this whole revelation felt like an anvil falling on his own head. He ran his hands through his hair, and then rubbed his eyes, massaged his temples, all while walking in circles.

Petit hibou, pardonne-moi, I-

— Don’t you dare to call me petit hibou now.

— I know this is horrible, but-

— Yes! You are right! That is horrible. For fuck's sake.

— Please, Haru! What happened to water under the bridge?!

Haru stopped and faced Spy, anger began to emerge.

Water under the bridge will not apply here. Not in this situation.

— Why not? When it appeared to be someone you didn't know and lived thousands of miles away, was there no problem for you?

— THERE WAS, FUCK, BUT I WAS WILLING TO FORGIVE YOU!... It's not about that... Look where we live. HOW MANY TIMES HAVE YOU SEEN HIM FIGHT HERE?! HOW MANY TIMES HAVE YOU SEEN YOUR SON TO DIE HERE?!! And you did NOTHING. Years of service… h-HOW CAN YOU LOOK HIM IN THE EYES?!!

— … Haru… Please.

— NO. No… I need time to digest this… I need to be alone.

— Haru! — Spy held his lover's hand before he entered back into the building — …To ignore the guilt, I tried to keep him as far away from me as possible… But I felt it. Every time he died I felt it.

— … I need some time, okay? — and let go of his hand, leaving Spy and the night sky outside.

Haru was leaning against the wall in the hallway. He had just washed his face in the bathroom sink, his only goal in mind was to just stay calm and let this revelation sink in. Unfortunately, he would already have to deal with this matter again:

— Heyy, what's up, mister Haru?! — Scout greeted from across the hall, walking up to the spy and holding his fist in the air. The shock caused Haru to take a few seconds to respond, he was going to bet on luck and experience with acting within his work to continue the conversation, but he was still visibly anxious.

— … Oh, good night Scout! — he replied the fist bump — Just checking my things before I go!

— Everything ok? You seem a little tired... Didn't forget ya coffee, right?

— Oh, no. If I hadn't drunk coffee today, I would be trying to climb the stairs by now, Haha! It's just fatigue, from the robots and everything. Thanks for your concern!

— Yeah, it really sucks... We're lucky that we have guys like you on the team... And like me! — standing at the entrance facing the bathroom, Scout began to pose in front of a mirror that was there.

— Thank you, Haha! It's the teamwork... And the game, how was it?

— Meh, nothing came of it. Demo drank too much of the marking bottles and slept in the field, Pyro started burning the bushes on the ground with a lighter and Medic said he was going to do something with his niece. But one more penalty and I would turn that mess around for good!

— And I believe it! Haha! — Thinking that the conversation would be over, the man tried to turn around to go on his way, until the Boston scout continued:

— And I wanted to talk about something else, too... You and Spy started shouting during the game, didn't you?

Haru remained in his pose, but his body had frozen with the sentence.

— I couldn't hear much, you were far away and I was focused on the game, ya know? And then you came here, and the Spy left in his car… Sad? I've never seen that guy like that... So... did ya break up or something? YOU DON’T NEED TO ANSWER IF, I don’t know…

He still didn't know, which made Haru calmer, but still worried.

— Oh, no... It's... it's just a silly couple's fight, I came here to calm down and... we'll sort it out in a little while.

— Hmm, cool... If anything, just kick his ass! Haha!... Ah yes, I came here to use the bathroom too, the one outside is disgusting!... See ya!

And he hesitated before entering completely, returning to finish speaking:

— Just one last one, last thing! Uh… Thanks for the compliment earlier… And for showing me how to catch a fish the other day… And for that tie knot trick! You have no idea how many chicks think that's elegant!!!... Uh... — Scout felt embarrassed to finish his sentence. — Look, I never had a… A dad When I was little, ya know. And no big deal! I did well, very very well! — He flexed one of his arms towards himself, before continuing — But like… Uh… If I had one back then, which again, no big deal! It didn't make any difference to me... But if I had um… I would have been very happy if it had been you.

Haru was speechless.

— Wow… I… I… I'm really grateful that you feel this way. — A smile, one of the kindest.

Scout smiled back, before definitely entering the bathroom.

Alone again, Haru's smile faded into distress, heading out of the hallway. What a week... and it was just a Tuesday.